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"No século XII, Santa Mafalda, rainha de Portugal e filha de D. Sancho I, mandou construir em Aregos uma albergaria, com um tanque e com a obrigação de estarem sempre prontas duas camas para pobres. Ainda existe a albergaria". (1)

 

Contudo parece que foi D. Mafalda, esposa de D. Afonso Henriques, que mandou construir tal albergaria. Informações mais pormenorizadas, rigorosas e interessantes se seguem: " Institui a rainha D. Mafalda, juntamente (com a capela) um hospital para curar lázaros e gafos, no sítio em que na mesma vila estão os banhos...E para este hospital aplicou a rainha instituidora bastantes rendas como foram os rendimentos do barco de passagem do rio Douro, no porto mesmo da vila das Caldas; e mais uns casais, vinhas e terras de pão: juntamente determinou que todos os moradores desta vila e Concelho que pão malhassem e vinho alagarassem, pagariam para o hospital: os da freguesia de Anreade, um cântaro de vinho, e os das mais freguesias, um alqueire de pão; e para administradores de capela e hospital pôs a Câmara da mesma vila. com obrigação de que tivessem um hospitaleiro sempre pronto no Hospital, para ter cuidados de enfermos e que seria pago do rendimento dele, e que tivessem mais duas camas aparelhadas em dois catres de tudo o necessário para os mesmos, e uma dorna para eles tomarem banhos. (...)(2)

 

A propósito da barca de passagem, " a rainha D. Mafalda estabeleceu aqui uma barca de passagem gratuita, no sítio da Gorça que é um temível "ponto" no rio Douro, estabelecendo para o barqueiro a renda de certas propriedades e foros e concedendo-lhe alguns privilégios. " (3)

 

Alguns documentos falam de Albergaria e outros de Hospital. Seriam a mesma realidade ou instituições diferentes? É que enquanto as Albergarias, como o nome indica, eram abrigos que se encontravam em sítios certos, à beira dos caminhos mais percorridos durante a Idade Média, para ali se prestar assistência e dar dormida aos caminheiros e sobretudo aos peregrinos que por ali transitavam quando se dirigiam para lugares de maior devoção a fim de cumprirem promessas ou pedirem graças, os Hospitais que os Reis, e sobretudo as Ordens Religiosas e Militares, criaram nos centros mais importantes, destinavam-se ao tratamento de doentes pobres e desprotegidos da sorte. Na Idade Média, acontecia muitas vezes as albergarias acumularem as funções de abrigo e hospital.

 

 

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(1) PINHO LEAL - Portugal Antigo e Moderno - Vol. I, pág. 238 g/H.

(2) CARDOSO, Luís - Dicionário Geográfico de Portugal - 1747/52 - pág. 548.

(3) PINHO LEAL, Augusto P. Soares - Portugal Antigo e Moderno, 1872, pág. 345 - Vol. V.

 

 

Texto retirado/adaptado do Livro: DUARTE, Joaquim Correia - "Resende e a Sua História", Volume 1: O Concelho, Edição da Câmara Municipal de Resende, 1994, pág. 811 a 814.